por Pietro Monteiro
Classificação garantida com autoridade. O Rio Branco-ES venceu o Boavista por 2 a 0, neste sábado, no estádio Elcyr Resende, em Saquarema (RJ), e selou a vaga para a fase de mata-mata da Brasileirão Série D. A vitória fora de casa veio com um golaço de Breno Melo e outro de Carlinhos, ambos no segundo tempo, em uma atuação madura do Capa-Preta. O Boavista já estava eliminado do Grupo A6 e agora encerra sua participação pensando no próximo calendário.
O resultado, construído com paciência e leitura de jogo, coloca o time capixaba entre os 32 classificados. Resta definir a posição final no grupo, algo que pode render mando de campo no jogo de volta do primeiro confronto eliminatório.
O primeiro tempo foi morno, daqueles em que os times parecem medir forças mais do que acelerar. O Boavista, sem a pressão da tabela, começou ligado e quase tirou proveito de um erro na saída de bola. Diego Guerra se complicou por dentro e a bola sobrou limpa para Rafael Longuine, que ficou cara a cara com Fernando Henrique, mas finalizou para fora. Foi a melhor chance dos donos da casa antes do intervalo.
O Rio Branco-ES, consciente de que o empate já encaminhava a vaga, evitou se expor. Procurou segurar o jogo, prender a bola e buscar a referência em Diego Fernandes para ganhar duelos de costas. Em uma rara boa construção, o pivô encontrou Nenê Bonilha, que apareceu de frente e bateu por cima. Faltou capricho, e o 0 a 0 ficou justo pela falta de precisão dos dois lados.
Na volta do segundo tempo, o Boavista ameaçou primeiro com Tito, que subiu bem e testou com perigo. A resposta do banco capixaba foi imediata: Rodrigo Fonseca trocou Diego Fernandes por Jacó. A mudança ajustou o ritmo do ataque. Sem ser brilhante nas finalizações, Jacó empurrou a linha do Boavista para trás, acelerou a pressão e abriu espaço para os meias circularem entre linhas.
O gol que mudou o jogo saiu em jogada simples e bem executada. Darlan esticou a bola, Maranhão dominou aberto e serviu Breno Melo na entrada da área. O meia limpou dois marcadores com um corte seco e acertou um chute forte, indefensável. Golaço. O 1 a 0 deu ao Capa-Preta o controle emocional e tático da partida: linhas compactas, transições curtas e pouca margem para erro.
O Boavista até tentou reagir com cruzamentos e bolas paradas, mas esbarrou na leitura de tempo da zaga capixaba e na segurança de Fernando Henrique quando exigido. Sem criatividade por dentro, o time de Saquarema abusou dos lançamentos, e a defesa do Rio Branco-ES agradeceu.
Quando o relógio já apontava para os minutos finais, a equipe capixaba selou a vitória com a marca do mata-mata: pressão alta e frieza. Carlinhos apertou a saída de bola, roubou no campo ofensivo, invadiu a área, driblou o goleiro e empurrou para a rede. 2 a 0, placar que espelha bem a diferença no segundo tempo.
Mais do que os gols, o recado ficou: o Rio Branco-ES soube sofrer quando precisou, soube acelerar quando o jogo pediu e não perdeu a cabeça em um gramado que costuma complicar quem não controla as ações. Isso pesa em jogos eliminatórios.
Com o resultado, o Rio Branco-ES garante vaga no mata-mata da Série D, que começa com 32 times em confrontos de ida e volta. O emparelhamento leva em conta a posição final dentro dos grupos e os cruzamentos previstos no regulamento. Terminar melhor posicionado costuma render o mando da volta, detalhe que faz diferença quando o confronto está equilibrado. Em caso de igualdade no agregado, a decisão vai para os pênaltis.
Do ponto de vista de desempenho, o time capixaba leva para a fase seguinte um pacote que funciona: defesa ajustada, meio-campo com bom primeiro passe e atacantes capazes de decidir em jogadas individuais. Nomes como Nenê Bonilha, Darlan e Maranhão dão mobilidade à construção; Jacó oferece proximidade e intensidade; e os definidores, Breno Melo e Carlinhos, mostram repertório para resolver com pouco espaço.
O Boavista, por sua vez, se despede com lampejos de competitividade, mas com falhas de decisão nos momentos-chave. Teve chance clara com Longuine, rondou a área, brigou por cima com Tito, só que lhe faltou precisão e sequência. O clube agora volta as atenções para os ajustes de elenco e o calendário seguinte, com a missão de transformar jogos duros em pontos.
Para o torcedor do Capa-Preta, a conta é simples: a equipe chega viva, confiante e cascuda para a parte do campeonato em que um detalhe vira tudo. A pressão que forçou o erro no segundo gol, a leitura para baixar o bloco quando precisou e a maturidade para esperar a jogada certa são sinais de um time que entendeu o ambiente da Série D.
Resumo do jogo:
Agora, o que vale é a rodada final para carimbar posição e planejar o primeiro duelo eliminatório. A Série D costuma punir distrações e premiar quem tem padrão e alternativas. O Rio Branco-ES mostrou as duas coisas em Saquarema e sai com o que precisava: três pontos, zero sustos no fim e a vaga no bolso.
