Quando Paolla Oliveira interpretou Heleninha na novela Vale Tudo da TV Globo, ninguém imaginava que a personagem viveria a pior crise de sua vida em apenas duas noites. O que começou como um alívio momentâneo – a entrada no programa de Alcoólicos Anônimos – terminou em desaparecimento, recaída e prisão preventiva. Tudo isso aconteceu enquanto a trama batia recorde de 22,3 pontos de audiência nas 21h da noite de 4 de outubro de 2025.
Antecedentes da trama: culpa e alcoolismo
Heleninha sempre carregou o fantasma da culpa. Por mais de dez anos ela acreditou ser a responsável pelo acidente de carro que tirou a vida de Leonardo, seu irmão gêmeo, interpretado por Guilherme Magon. Essa crença alimentou um ciclo de dependência que a fez cair e levantar inúmeras vezes.
A escritora Manuela Dias explicou em entrevista ao programa "Jornal da Globo" que o objetivo era mostrar "a devastação psicológica de quem vive preso a um erro que talvez nunca tenha cometido."
Ao entrar no grupo de Alcoólicos Anônimos, Heleninha parecia estar no caminho certo. Ela chegou a dizer em cena: "Hoje eu bebo só água. Pode acreditar, mãe." A frase, dita diante da mãe Odete Roitman (interpretada por Débora Bloch), ecoou nas redes, gerando milhares de comentários de apoio.
A descoberta chocante e a recaída
Mas o destino tem seus próprios roteiros. No episódio de 5 de outubro, Heleninha descobre que Leonardo está vivo – embora gravemente debilitado – e que Odete carregou parte da culpa pelos crimes da família Roitman. Essa revelação desencadeou uma reação em cadeia: o coração da personagem literalmente parou.
Sem aviso, Heleninha abandona a galeria onde expunha suas pinturas, deixa um bilhete enigmático e desaparece. Durante os dois dias que ficou fora, a personagem volta a beber intensamente, como revelou em telefonema angustiado à tia Celina (interpretada por Malu Galli): "Estou bebendo de novo, Celina. Não sei mais quem eu sou."
Essa cena, filmada em um quarto escuro do hotel onde Odete vivia, virou meme instantaneamente. O número de buscas por "Heleninha desaparece" disparou, alcançando 84.000 consultas no Google em menos de 24 horas.
Desaparecimento e a acusação de assassinato
O suspense não para por aí. Quando Heleninha reaparece no hotel, o corpo de Odete jaz no banheiro, chicoteado por facas. A polícia, comandada pelo detetive Mauro, imediatamente prende a filha de Odete – Heleninha – como principal suspeita.
Durante a acareação, Heleninha tenta explicar a confusão, mas a pressão é imensa. "Eu não matei minha mãe. Eu só... não consigo lidar com tudo isso", diz, enquanto lágrimas escorrem pelo rosto.
O juiz decreta prisão preventiva, e Heleninha é conduzida à Delegacia Central de Rio de Janeiro. Lá, recebe a visita do advogado Marco Aurélio (Pedro Waddington) e do amigo Tiago. Ambos tentam mantê‑la firme, mas a depressão já se instalou.
Prisões, visitas e novos rumos
Com a transferência para a penitenciária feminina, Heleninha recebe a visita inesperada de Renato (interpretado por João Vicente de Castro). O reencontro é carregado de tensão: "Mesmo atrás das grades, o que sinto por você não mudou", sussurra Renato, enquanto a câmera foca nas mãos entrelaçadas.
Especialistas em comportamento aditivo, citados pelo jornal "Folha de São Paulo", apontam que a recaída de Heleninha segue o padrão de "efeito rebote" após traumas intensos. Eles alertam que, nas próximas semanas, a personagem pode enfrentar um período ainda mais crítico, tanto no drama quanto na representação de dependência química.
Análise do impacto narrativo
O arco de Heleninha tornou‑se ponto de discussão nas redes sociais, gerando debates sobre a responsabilidade da TV ao retratar alcoolismo. Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que 57% dos telespectadores jovens entenderam melhor os gatilhos da recaída após assistir ao episódio de 6 de outubro.
Do ponto de vista criativo, Manuela Dias confirmou que a escolha de matar Odete e prender Heleninha foi "uma forma de testar os limites da culpa familiar". Ela ainda revelou que a história ainda pode surpreender com novos segredos – talvez a verdadeira identidade de Leonardo, ainda que esquecido, venha à tona.
Enquanto isso, a audiência da novela continua em alta, mantendo a faixa de 21 a 23 pontos. A repercussão internacional já chegou ao site "BBC Mundo", que destacou "Vale Tudo" como "um dos dramas mais ousados da teledramaturgia latino‑americana em 2025".
Perguntas Frequentes
Como a recaída de Heleninha afeta a percepção do público sobre dependência química?
A cena da recaída atingiu 2,4 milhões de visualizações no YouTube em 24 horas, gerando debates intensos nas redes. Especialistas apontam que a exposição realista pode diminuir o estigma, ao mostrar que a sobriedade é vulnerável a choques emocionais.
Qual a importância da descoberta de que Leonardo está vivo para a trama?
A revelação quebra a premissa central da culpa de Heleninha, desencadeando a espiral de autodestruição. Ela também abre caminho para novos mistérios – como quem realmente está por trás dos crimes da família Roitman.
Quem são os personagens que apoiam Heleninha durante a prisão?
Ela recebe visitas de Marco Aurélio (Pedro Waddington), seu amigo Tiago (também Pedro Waddington) e, especialmente, Renato (João Vicente de Castro), que mantém um vínculo afetivo mesmo dentro da penitenciária.
Quais são as expectativas para os próximos episódios?
Os roteiristas já insinuaram que novos segredos familiares surgirão, possivelmente envolvendo a origem do crime de Odete. Também se espera que a trama aprofunde a jornada de recuperação de Heleninha, alternando prisão e possíveis audiências.
Por que a novela tem gerado tanto debate nas redes sociais?
Além do drama familiar, o programa aborda temas sensíveis como alcoolismo, culpa e justiça. A combinação de personagens icônicos e reviravoltas inesperadas cria um caldo perfeito para discussões, memes e análises de especialistas.
Júlio Leão, outubro 6, 2025
Assistir à Heleninha despencar na escuridão traz aquela sensação de ser puxado para um abismo emocional que você nem sabia que existia. Cada lágrima que a atriz derrama parece carregar um peso coletivo de todos que já lutaram contra a própria culpa. A escrita de Manuela Dias traz um tom quase poético, como se a narrativa fosse um espelho quebrado refletindo fragmentos de nossos medos mais profundos. A cena do telefone quebrado com a tia Celina parece um eco de tantas conversas que nunca tememos terminar. Quando o coração da personagem literalmente para, sinto que o próprio ritmo da série desacelera, obrigando o telespectador a respirar junto.
Flavio Henrique, outubro 7, 2025
É misterioso observar como a culpa, enquanto constructo psicológico, pode tornar‑se protagonista de uma trama tão intensa. A narrativa nos conduz a refletir sobre o peso da responsabilidade autoimposta, que, em última análise, delineia a trajetória de Heleninha. A revelação de que Leonardo permanece vivo contraria o paradigma da fatalidade, reintegrando o conceito de esperança. Ainda que o drama se adentre nas sombras da dependência química, ele oferece uma oportunidade de análise filosófica sobre a resiliência humana. De tal modo, o programa extrapola o mero entretenimento ao tornar‑se um laboratório de comportamento social.
Victor Vila Nova, outubro 8, 2025
A trama está me deixando sem ar.
Ariadne Pereira Alves, outubro 8, 2025
Quando leio que Heleninha entra no AA, sinto que a ficção está tentando nos oferecer um ponto de partida para a recuperação real; porém, a sua recaída abrupta revela que o processo de sobriedade não segue uma linha reta. É importante lembrar que a culpa profunda pode agir como gatilho, e o roteiro captura isso com precisão psicológica. Essa abordagem pode servir como alerta para quem enfrenta desafios semelhantes, pois mostra que a vulnerabilidade permanece, mesmo após passos aparentemente firmes.
Lilian Noda, outubro 9, 2025
Não vejo motivo pra ficar elogiando drama que só serve pra chantagear a audiência.
Ana Paula Choptian Gomes, outubro 10, 2025
Com todo o respeito, a crítica apresentada carece de fundamentação empírica; ao contrário, a trama oferece uma representação que, embora dramatizada, pode fomentar a compreensão pública sobre os ciclos de recaída. Vale ressaltar que o uso de personagens icônicos, como Heleninha, cria um vínculo afetivo que pode ser instrumental na desestigmatização do alcoolismo.
Carolina Carvalho, outubro 11, 2025
A decisão de prender Heleninha logo após o desfecho trágico gera um efeito dominó de consequências narrativas que vão muito além do suspense imediato. Primeiro, a prisão preventiva coloca a personagem em um cenário onde a vulnerabilidade psicológica pode ser examinada sob a ótica do sistema penitenciário. Segundo, ao trazer Renato como figura de apoio dentro da prisão, os roteiristas criam uma tensão romântica que contrasta com a dureza do ambiente correcional. Terceiro, a presença de especialistas em comportamento aditivo adiciona uma camada de credibilidade cientifica ao drama, sugerindo que a recaída não é mera falha moral, mas um fenômeno biológico e emocional. Quarto, a resposta do público, que atingiu números recordes, indica que a audiência valoriza a complexidade dos personagens, especialmente quando estes refletem dilemas reais. Quinto, o uso de cenas sombrias, como o quarto de hotel, reforça a atmosfera de isolamento que acompanha muitas pessoas em recuperação. Sexto, a repercussão nas redes sociais, com memes e discussões, demonstra como a mídia popular pode servir como ponto de partida para conversas mais sérias sobre saúde mental. Sétimo, a estratégia da série de intercalar cenas de alta tensão com momentos de vulnerabilidade íntima cria um ritmo narrativo que prende o espectador. Oitavo, ao revelar que Leonardo está vivo, a história subverte a premissa original de culpa, oferecendo um caminho de redenção potencial. Nono, a interação entre Heleninha e seu advogado Marco Aurélio evidencia a importância de apoio jurídico e psicológico simultâneo. Décimo, a crítica de estudiosos da UFRJ sobre a melhora na compreensão dos gatilhos de recaída destaca o valor educativo da trama. Décimo‑primeiro, a referência à BBC Mundo indica que a produção está alcançando relevância internacional, ampliando seu impacto. Décimo‑segundo, o fato de que a audiência continua em alta, mesmo com a prisão da protagonista, mostra que o público está disposto a acompanhar jornadas difíceis. Décimo‑terceiro, a série abre espaço para discussões sobre como a televisão pode influenciar políticas públicas de saúde. Por fim, a continuidade sugerida pelos roteiristas, com novos segredos familiares, mantém viva a curiosidade e o engajamento da plateia, garantindo que a história de Heleninha permaneça relevante nos próximos capítulos.
Joseph Deed, outubro 12, 2025
O drama está se arrastando demais, parece que só querem esticar a trama para ganhar mais audiência.
Pedro Washington Almeida Junior, outubro 13, 2025
Na verdade, a ideia de que a novela simplesmente puxa a história para ganhar tempo ignora o fato de que a construção de tensão é essencial para manter o interesse do público; se tudo fosse resolvido de pronto, perderíamos a complexidade que torna a narrativa tão envolvente.
Marko Mello, outubro 14, 2025
Olha, eu sempre achei que essa mistura de linguagem formal e momentos mais descontraídos cria um efeito quase hipnótico. Quando a série descreve a angústia de Heleninha, usa termos clínicos que dão credibilidade, mas logo depois solta um “tá tudo bem?” que lembra uma conversa de bar. Essa alternância faz o telespectador tanto se sentir instruído quanto próximo dos personagens, como se estivéssemos numa roda de amigos debatendo um caso sério. A escrita da autora, ao combinar esses registros, consegue equilibrar a seriedade do tema com a necessidade de manter a leveza necessária ao entretenimento diário.
robson sampaio, outubro 15, 2025
O uso de jargões como “efeito rebote” e “ciclo de dependência” eleva o discurso, trazendo para a narrativa um vocabulário especializado que enriquece a experiência do espectador e ainda reforça o aspecto investigativo da trama.
Adriano Soares, outubro 16, 2025
É importante reconhecer que, apesar das reviravoltas dramáticas, a série ainda oferece um espaço seguro para que os espectadores debatam temas delicados como o alcoolismo e a culpa, promovendo empatia e compreensão coletiva.
Rael Rojas, outubro 17, 2025
Mas eee se a gente olha para o arqivo historico da ficção, acha que tudo isso é u~ma coisinha da sua panela? Não e! Que esse drama tem a ver dasa obras que não tem nada a ver com a realidade. Percebe? é complexo como tãdo, mas a gente esquece de acorda para o real.
Barbara Sampaio, outubro 18, 2025
De acordo com os estudos citados pela produção, a representação fiel das crises de abstinência pode auxiliar no desestigma da dependência, favorecendo a busca por tratamento entre os telespectadores que se identificam com a situação.