por Pietro Monteiro
A madrugada de domingo, 28 de setembro de 2025, ficou marcada por mais que um duelo de golpes. Quando Acelino “Popó” Freitas, tetracampeão mundial de boxe, encarou Wanderlei Silva, a lenda do MMA conhecida como “Cachorro Louco”, no Spaten Fight Night 2Arena de São Paulo, a confusão saiu do ringue e acabou com o lutador de MMA hospitalizado.
O encontro foi anunciado como a atração‑principal do card, prometendo um confronto entre dois ícones de esportes de combate. Popó, conhecido por sua postura tranquila fora do ringue, havia recebido, segundo fontes próximas, uma mensagem de Fabrício Werdum, ex‑campeão do UFC e membro da equipe de Silva, pedindo que "o clima de animosidade ficasse restrito ao ringue". Na véspera, Werdum divulgou um áudio supostamente gravado de Popó, onde o boxeador falava de maneira provocativa, dizendo: "Relaxa, irmão, vai apanhar todo mundo…".
Essa troca de farpas já deixava o público em alerta. O que parecia ser apenas rivalidade esportiva ganhou um tom pessoal que, em retrospecto, prenunciou o caos que viria.
No primeiro round, Popó assumiu a iniciativa, lançando jabs rápidos que deixaram Silva na defensiva. No segundo, o brasileiro recuou, mas manteve a postura. Foi no terceiro que a situação mudou. Silva, visivelmente cansado, tentou uma cabeçada – golpe proibido nas regras do evento – em Popó. O árbitro, presente na arena, advertiu o lutador e descontou um ponto.
O quarto round trouxe a terceira advertência. Silva, ainda tentando alcançar a cabeça do adversário, recebeu outro ponto de penalidade. Conforme a regulamentação, três advertências resultam em desclassificação automática, e o juiz encerrou a luta, declarando vitória para Popó.
Mesmo antes da explosão, os riscos já eram claros: o nariz de Silva havia começado a sangrar, e ele mostrava sinais de tontura. O árbitro, porém, seguiu o protocolo ao aplicar a penalidade prevista.
Assim que o sino soou, a tensão se transformou em briga. Enquanto as equipes se aproximavam, Rafael Freitas, filho de Popó, aproveitou o momento de desordem e desferiu um soco forte nas costas de Silva, ainda usando as luvas de MMA. O golpe fez o “Cachorro Louco” desmaiar momentaneamente.
Em vídeo gravado por Werdum, pode‑se ver Silva caído, com o nariz evidentemente quebrado e sangue pingando de um olho ferido. O ex‑campeão comentou: "Wanderlei está aqui, tomando ponto nos olhos, está com nariz quebrado. Ele foi muito maldoso, cara. Wanderlei estava com as luvas, cansado da luta".
Os socorros foram imediatos. Uma equipe médica levou Silva ao Hospital São Paulo, onde ele recebeu pontos cirúrgicos no olho esquerdo e foi submetido a sutura no nariz. O diagnóstico: fratura nasal e laceração ocular que exigirá acompanhamento ortopédico.
Werdum, em suas redes sociais, justificou a reação da própria equipe: "Estou triste pelo Wanderlei, que está tomando ponto e com nariz quebrado. Foi desclassificado na luta, que é uma coisa totalmente diferente, mas ao ataque deles a gente teve que reagir". Ele ainda pediu que o público tirasse suas próprias conclusões a partir do áudio divulgado.
Popó, após o tumulto, postou um vídeo nas suas storys do Instagram, dizendo que "não esperava que a situação fugisse do controle", mas que "o respeito ao adversário dentro do ringue foi mantido". Ele ainda reforçou que seu filho agiu por instinto de defesa, porém reconheceu a gravidade da agressão.
Silva, ainda recuperando-se, quebrou o silêncio numa mensagem no Instagram: "Fui covardemente agredido. Popó e sua equipe são responsáveis por essa situação vergonhosa". O lutador também apontou que a equipe de Popó, inclusive Rafael, agiu de forma premeditada, citando o áudio como evidência de que a hostilidade já estava planejada.
O incidente abalou a credibilidade do Spaten Fight Night 2, que agora enfrenta investigação da Comissão de Combate Esportivo de São Paulo. Autoridades planejam ouvir os envolvidos, analisar as gravações de vídeo e determinar se haverá sanções disciplinares contra Rafael Freitas, Popó e, possivelmente, contra a própria organização promotora.
Enquanto isso, fãs de ambas as modalidades – boxe e MMA – expressam desapontamento nas redes sociais. Alguns pedem a suspensão das carreiras de quem participou da agressão, enquanto outros defendem a "defesa própria" de Werdum e sua equipe.
Para o futuro, espera‑se que o calendário de lutas da Spaten seja revisado, com medidas de segurança mais rígidas, incluindo a presença de seguranças adicionais nas áreas de apoio e restrição ao contato entre equipes fora do ringue. O que fica claro é que o esporte não pode ser arrastado para conflitos pessoais, sob risco de perder a confiança do público.
Nos próximos sete dias, a imprensa acompanhará a decisão da Comissão de Combate Esportivo, que deve emitir um relatório preliminar até o final da semana. Além disso, o contrato de transmissão da Spaten Fight Night pode estar sob renegociação, caso a organização decida adiar eventos futuros até que a situação seja regularizada.
Wanderlei Silva deverá ficar fora de combate por pelo menos 30 dias, conforme orientação médica, enquanto Popó pode enfrentar suspensão de até seis meses, dependendo da punição que lhe for aplicada.
Silva ficou hospitalizado com nariz quebrado e laceração ocular, o que o afastará dos treinos pelos próximos 30 dias. Além da recuperação física, ele pode enfrentar consequências contratuais, já que a desclassificação já trouxe dúvidas sobre sua elegibilidade para próximas lutas.
A Comissão de Combate Esportivo de São Paulo abriu um processo investigativo. Testemunhas, vídeos e o áudio divulgados por Werdum foram recolhidos, e uma decisão sobre sanções a Rafael Freitas e a equipe de Popó será emitida ainda nesta semana.
Silva recebeu três advertências por praticar cabeçadas, um golpe proibido nas regras do Spaten Fight Night. Cada advertência resultou em desconto de ponto, e a terceira culminou na desclassificação automática no quarto round.
Sim. Werdum confirmou ter enviado uma mensagem a Popó pedindo que a rivalidade fosse mantida dentro do ringue. O áudio divulgado depois mostrou Popó respondendo de forma provocativa, indicando que a animosidade já estava presente antes da luta.
Especialistas sugerem ampliação da equipe de seguranças nas áreas de apoio, proibição de contato entre equipes fora das áreas designadas e revisão dos protocolos de punição para agressões fora do ringue. A comissão também está considerando a instalação de câmeras adicionais para monitoramento em tempo real.
