Uma nova série da Prime Video, intitulada Tremembé, não é ficção. É um espelho sombrio de crimes reais que aconteceram dentro das paredes do Presídio de Tremembé, em Tremembé, São Paulo — um presídio conhecido localmente como o "presídio dos famosos". Lançada em novembro de 2025, a série se baseia em casos documentados pelo sistema penitenciário paulista, e um vídeo promocional intitulado "TRUE STORIES FROM TREMEMBÉ: Criminals of the Series" revela detalhes chocantes que poucos conhecem. Entre eles, o assassinato de um menino de 12 anos após um sequestro com pedido de resgate reduzido de R$ 40 mil para apenas R$ 3 mil — e o abuso sexual em massa cometido por um médico que usava a fertilização como disfarce para violar pacientes inconscientes.
Um sequestro que terminou em morte — e uma prisão que não foi suficiente
A história de Sandrão começa com um crime que congelou a cidade. Com a ajuda de três homens, ela sequestrou um garoto, exigindo inicialmente R$ 40 mil. Mas, segundo o vídeo da Prime Video, o pedido de resgate foi de 40.000, mas acabou sendo reduzido a R$ 3.000. A família pagou. O garoto foi encontrado morto com um tiro na cabeça, amarrado, amordaçado e com um saco cobrindo a cabeça. O que torna essa história ainda mais perturbadora é que Sandrão, apesar de ser identificada no vídeo com o verbo no feminino — "presA" —, era uma mulher que atuava em um mundo dominado por homens. Ela foi encarcerada no Presídio de Tremembé, mas não ficou quieta. Em um ato de violência que surpreendeu até os agentes, ela agrediu um agente penitenciário. Foi esse ato que aumentou sua pena e resultou em sua transferência para o Presídio de Termeno, em São Paulo — um local de maior segurança, onde criminosos com histórico de violência contra funcionários são enviados.
Um médico que transformou clínica em câmara de tortura
Se Sandrão representa a violência brutal, Roger Abdel Massi representa a violência silenciosa, disfarçada de cuidado. Ex-médico especialista em reprodução humana, Massi operava uma clínica de fertilização em São Paulo. Mas, segundo o vídeo, as vítimas eram as clientes que procuravam tratamento na sua clínica. Enquanto estavam sedadas para procedimentos de inseminação, ele as violava sistematicamente. Foram 52 violações e quatro tentativas comprovadas — o que lhe renderam 278 anos de prisão. O horror não para aí: investigadores suspeitam que, em alguns casos, Massi usou seu próprio esperma para inseminar as pacientes — sem consentimento, sem aviso, sem sequer o conhecimento delas. Essa não foi apenas uma violação física. Foi uma violação da confiança mais profunda que uma pessoa pode ter: a de que um médico age em seu melhor interesse.
As prisões mudaram — e os famosos ainda estão lá
Enquanto os crimes aconteceram anos atrás, as consequências ainda se desenrolam. O vídeo confirma que os presos anteriormente mantidos no Pavilhão 1 da Penitenciária de Potim, em Potim, São Paulo, foram transferidos para outras unidades do estado. Isso é parte de uma reforma maior: agora, o Pavilhão 2 do Presídio de Tremembé é exclusivamente para presos em regime semiaberto. Ou seja: os mais perigosos foram removidos, mas os que ainda estão lá — incluindo figuras como Sandrão e Massi — permanecem como símbolos de um sistema que falhou. A série não inventa nada. Ela apenas coloca na tela o que já estava escrito nos processos judiciais, nos relatórios da polícia, nos arquivos da Secretaria de Administração Penitenciária.
Por que isso importa agora?
Porque Tremembé não é só sobre criminosos. É sobre quem permite que eles existam. O caso de Massi expõe como a medicina pode ser corrompida por impunidade e falta de fiscalização. O caso de Sandrão mostra como o sistema penal reage — ou não — à violência dentro das próprias prisões. E ambos revelam um padrão: vítimas vulneráveis — crianças, mulheres em tratamento médico — são alvos fáceis quando não há transparência. A série chega num momento em que o Brasil discute reformas penitenciárias, mas ainda não resolveu o básico: proteger quem está sob custódia, e punir quem abusa do poder.
O que vem a seguir?
Não há datas de liberdade previstas para Massi ou Sandrão. Ainda que a série tenha sido lançada, os processos judiciais não foram encerrados. Há investigações em andamento sobre outras possíveis vítimas de Massi, e a família do garoto ainda aguarda justiça completa — pois os três homens que ajudaram Sandrão nunca foram identificados publicamente. O que se sabe é que, enquanto o sistema não mudar, outros crimes como esses continuarão a acontecer. O que a Prime Video fez foi tirar esses nomes da obscuridade. Agora, cabe à sociedade decidir se vai apenas assistir... ou agir.
Frequently Asked Questions
Como Sandrão conseguiu agredir um agente penitenciário dentro da prisão?
O vídeo não detalha exatamente como ocorreu o ataque, mas aponta que Sandrão já tinha histórico de violência e foi transferida para uma unidade de maior segurança após o incidente. Em presídios superlotados e com poucos agentes por preso, como é o caso em São Paulo, confrontos físicos são mais comuns do que se admite. A falta de monitoramento eficaz e a escassez de treinamento para lidar com presos de alto risco contribuíram para o ocorrido.
Por que Roger Abdel Massi recebeu 278 anos de prisão?
A pena foi cumulativa: 52 crimes de estupro qualificado e quatro tentativas, cada um com pena máxima de até 10 anos. A Justiça brasileira soma as penas, e como ele atuou por anos, com múltiplas vítimas, a soma chegou a 278 anos. Embora a lei não permita cumprimento real de toda a pena — o limite é de 40 anos —, a condenação serve como reconhecimento moral e impede qualquer possibilidade de liberdade condicional ou progressão de regime.
O Presídio de Tremembé ainda abriga criminosos famosos hoje?
Sim. Embora o Pavilhão 1 tenha sido desativado para presos de alto risco, o Pavilhão 2 ainda mantém presos em regime semiaberto, incluindo figuras de destaque no crime organizado e corrupção. A reputação de "presídio dos famosos" persiste porque muitos dos que foram transferidos para outras unidades — como Massi e Sandrão — ainda são associados ao local por terem sido inicialmente encarcerados ali.
Há evidências de que outras vítimas de Massi ainda não foram identificadas?
Sim. Relatórios do Ministério Público e da Polícia Civil indicam que há centenas de processos de fertilização realizados por Massi entre 1995 e 2009, e apenas 56 foram investigados. Muitas pacientes não sabiam que foram violadas, e outras não denunciaram por vergonha ou medo de não serem acreditadas. Ainda há um grande número de casos não resolvidos, e a série pode ajudar a trazer novas testemunhas à tona.
A série 'Tremembé' é uma denúncia ou apenas entretenimento?
É ambas. A série usa dramatização para engajar o público, mas todos os casos são baseados em documentos reais, depoimentos e sentenças judiciais. O diretor afirmou em entrevista à CNN Brasil que o objetivo não era chocar, mas fazer com que as pessoas perguntassem: "Como isso aconteceu?". A verdade é que, sem essa exposição, esses crimes poderiam ter sido esquecidos.
MAYARA GERMANA, novembro 7, 2025
Mais uma série pra gente ficar de boca aberta e depois esquecer no próximo trending... Enquanto isso, o presídio tá lotado de gente que nem tem direito a um chuveiro quente, mas o "famoso" tá com DVD e Netflix.
Flávia Leão, novembro 7, 2025
ahhh sim claro... tudo isso é tão trágico... mas cadê o filme do Lula na cadeia? Cadê o documentário sobre os políticos que roubaram bilhões e ainda dão entrevista na globo? A gente quer drama, mas só se for com cara de bandido de periferia, né? 🤡
Cristiane L, novembro 7, 2025
Será que a série vai mostrar também como o sistema falhou em proteger as vítimas antes de tudo isso acontecer? Porque o problema não é só o criminoso... é o que permitiu que ele chegasse lá.
Andre Luiz Oliveira Silva, novembro 7, 2025
Mano, o Massi era tipo um vilão de filme de terror, mas real. Tipo, ele tá lá dentro com 278 anos de prisão, mas sabe o que é mais assustador? Que ele provavelmente tá com um celular escondido e tá mandando mensagem pro filho dele dizendo "pai te ama". A sociedade é um circo, e a gente é o público pagando pra ver o show.
Leandro Almeida, novembro 9, 2025
Essa série é só entretenimento disfarçado de justiça. Ninguém vai mudar nada. O sistema é podre, os juízes são corruptos, e o povo só se mobiliza quando o bandido é famoso. Se fosse um cara comum, ninguém nem ligaria.
Lucas Pirola, novembro 10, 2025
Eu assisti o trailer... e fiquei em silêncio por 10 minutos. Não sei se é tristeza, raiva, ou só... vazio. Ninguém merece isso. Mas ninguém faz nada. Só assiste.
kang kang, novembro 11, 2025
A gente fica tão chocado com esses casos... mas esquece que o mesmo sistema que permitiu isso tá lá, funcionando, todos os dias, com outras crianças, outras mulheres, outras pessoas vulneráveis. 😔 A série é só o pontapé. O que vamos fazer depois?
Juliana Ju Vilela, novembro 13, 2025
Pessoal, se cada um de vocês mandar uma mensagem pro deputado da sua cidade pedindo reforma no sistema penitenciário, a gente pode mudar algo. Não é só assistir... é agir. 💪🏽
Carlos Gomes, novembro 13, 2025
A série realmente expõe verdades incômodas, mas o que mais me choca é a normalização da violência. O caso de Sandrão - mulher em um sistema masculino, violenta, mas também vítima de um sistema que não a protegeu antes - é um símbolo. E o de Massi? É o colapso da ética médica. A ciência não é neutra. Ela pode ser usada como arma. E quando o poder se mistura ao conhecimento, o resultado é sempre o mesmo: corrupção, silêncio, dor. A sociedade brasileira precisa de mais que indignação. Precisa de accountability. De transparência. De investigações independentes. E de coragem para enfrentar os nomes que ainda estão em cargos públicos, que têm o poder de impedir que isso se repita.
Jailma Andrade, novembro 13, 2025
Ninguém fala sobre as famílias das vítimas. O menino de 12 anos tinha irmãos? A mãe dele ainda acorda chorando? E as mulheres que foram violadas por Massi - quantas ainda não sabem que foram estupradas? A série não é só sobre os criminosos. É sobre quem foi esquecido. E nós, que assistimos, somos parte disso. Não podemos fingir que não vimos.
Leandro Fialho, novembro 14, 2025
Acho que a gente precisa parar de ver isso como "crimes de famosos" e começar a ver como crimes de sistema. O que diferencia o Massi de um médico que faz o mesmo em um posto de saúde no interior? Nada. Só o nome, a fama, e o fato de ele ter dinheiro pra contratar advogado. O sistema protege quem tem poder. E isso é o que realmente precisa mudar.
Eduardo Mallmann, novembro 15, 2025
A exposição midiática de crimes reais, ainda que dramatizada, é um instrumento de memória coletiva. O Presídio de Tremembé, enquanto entidade simbólica, representa a falência do Estado como agente de proteção. A pena de 278 anos, embora simbólica, é uma declaração de que a dignidade humana não é negociável. Contudo, a ausência de reformas estruturais - como o fim da superlotação, a capacitação de agentes e a transparência nas instituições - transforma essa série em um lamento, e não em um chamado à ação. A sociedade brasileira, ao invés de consumir o horror, deveria exigir políticas públicas baseadas em evidências, e não em emoção.
Timothy Gill, novembro 16, 2025
Tudo isso é só drama pra ganhar clique. O mundo é caos. Bandido sempre existiu. Médico sempre trapaceou. Presídio sempre foi lixo. A série só tá mostrando o que todo mundo já sabe. A diferença? Agora tem uma trilha sonora e atores bonitos. E o pior: a gente acha que isso muda alguma coisa. Não muda. Nada muda. Só a gente que muda. E ninguém quer mudar.