por Pietro Monteiro
Quando João Fonseca, tenista brasileiro de 19 anos, viu sua classificação descer para a 45ª posição no ranking da ATP nesta segunda‑feira (13/10/2025), a notícia já corria nas redes antes da sua primeira partida no European Open em Bruxelas, Bélgica. A queda aconteceu porque o carioca optou por descansar após o US Open, deixando o circuito asiático livre para que adversários, como Valentin Vacherot e Arthur Rinderknech, avançassem rapidamente nas posições.
Fonseca veio à cena internacional em 2023, quando conquistou seu primeiro título Challenger em Lima, Peru. O ponto de virada veio em fevereiro de 2025, ao ganhar o ATP 250 de Santiago aos 18 anos, tornando‑se o mais jovem brasileiro a alcançar tal feito. Desde então, o tenista tem colecionado resultados consistentes: quartas de final no ATP 500 de Washington (agosto/2025) e chegada à terceira rodada do US Open, onde foi eliminado pelo então terceiro do mundo, Carlos Alcaraz, em 31 de agosto.
O European OpenLotto Arena, Antuérpia reúne 28 atletas no "main draw" e outro número igual nas qualificações. O prêmio total é de €579.320 e o vencedor fatura 250 pontos de ranking.
Na primeira rodada, Fonseca encara o holandês Botic van de Zandschulp, 84º do mundo, em partida marcada para terça‑feira, 14 de outubro. O duelo tem uma curiosidade: o brasileiro já havia vencido o holandês na Copa Davis de setembro de 2024, o que pode dar um tempero extra ao encontro.
A ausência de Fonseca na temporada asiática abriu espaço para que compatriotas também sofressem baixas. Felipe Meligeni Alves escorrou para a 171ª posição enquanto se recupera de lesão, e Thiago Agustín Tirante Wild ficou em 173º, à beira de deixar o top 200. Por outro lado, João Lucas Reis da Silva bateu sua melhor marca histórica, alcançando 204º após boa campanha no Challenger de Curitiba.
Os números mostram que a diferença entre subir e cair pode ser mínima: enquanto Vacherot saltou 160 posições ao vencer o Masters 1000 de Xangai, Fonseca perdeu apenas dois lugares, mas viu seu status de cabeça de chave ameaçado. A margem de 5 pontos entre o 43º e o 45º no ranking pode definir convites para futuros ATP 250.
O comentarista da TV Sports, Rafael Duarte, destacou que a pausa pós‑US Open pode ter sido estratégica: "Ele precisava de tempo para recuperar o corpo e ajustar o jogo em quadras rápidas, como as da Lotto Arena, que favorecem servidores agressivos".
Já a ex‑tenista e agora parceira de análise, Carolina Alves, alerta que a falta de jogos em superfície dura pode impactar o ritmo: "O risco é perder a confiança nos rallys longos; vamos ver se ele traz o mesmo toque de forehand que brilhou em Washington".
Se Fonseca avançar para as oitavas, o calendário indica mais compromissos em superfícies rápidas: o ATP 250 de Copenhague (novembro) e o ATP 500 de Paris (final de novembro). O jovem tem a vantagem de treinar em Bruxelas, onde a academia local oferece condições de alto nível.
Além do aspecto esportivo, a presença de um brasileiro como cabeça de chave atrai atenção dos patrocinadores nacionais, que veem em Fonseca um potencial emissário da marca "Brasil no topo". Caso ele faça boa campanha, a expectativa é que o patrocínio aumente, impulsionando recursos para a preparação de futuras temporadas.
A posição 45ª ainda garante entrada direta em ATP 250 e ATP 500 sem precisar passar por qualificações. Contudo, a perda de dois lugares pode reduzir a chance de ser cabeça de chave em alguns eventos, exigindo que ele jogue contra adversários mais bem ranqueados nas primeiras rodadas.
O holandês Botic van de Zandschulp, atualmente 84º no ranking, já perdeu para Fonseca na Copa Davis de 2024. O duelo promete ser técnico, com o brasileiro buscando impor seu saque potente e o holandês confiando em sua consistência de fundo de quadra.
Como último ATP 250 antes do encerramento da temporada, o torneio oferece pontos decisivos para quem almeja garantir lugar nos Masters de 2026. Além disso, a premiação e a visibilidade em Antuérpia atraem olhares de patrocinadores e federaciones.
A pausa permitiu recuperação física e mental, essencial após partidas intensas contra jogadores como Carlos Alcaraz. O risco, porém, é a perda de ritmo competitivo. O sucesso depende da qualidade dos treinos em Bruxelas e da adaptação rápida ao ritmo de jogo.
Se a campanha em Bruxelas render vitórias, Fonseca deve ganhar confiança para disputar os ATP 250 de Copenhague e o ATP 500 de Paris. A expectativa é que ele continue consolidando seu serviço potente e evolua no jogo de base, essencial para subir ao top 30 nos próximos anos.
Consuela Pardini, outubro 14, 2025
João fez a escolha de descansar depois do US Open, virou a cabeça e acabou perdendo duas casas no ranking. Parece que a pausa foi mais um cochilo estratégico do que um treino de alta performance. Ainda bem que o European Open está chegando, assim ele pode recuperar os pontos que escaparam. O público belga ainda não sabe o que esperar.