por Gustavo Almeida
Durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal Chiquinho Brazão apareceu diante dos juízes para apresentar sua defesa contra as acusações relacionadas ao assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em 2018. Brazão, claramente abalado, negou veementemente qualquer tipo de envolvimento no crime hediondo que chocou o país e comprometia não apenas seu nome, como também sua carreira política e sua família.
Segundo a delação de Ronnie Lessa, um ex-policial suspeito de disparar os tiros que levaram à morte de Marielle e Anderson, tanto Chiquinho Brazão quanto seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, teriam participado de um esquema para eliminar a vereadora. Lessa alegou que foi lhe oferecido a soma exorbitante de 10 milhões de dólares pelo serviço, além de uma oferta tentadora de um terreno localizado em Jacarepaguá, um bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, como parte do acerto acordado.
Em sua defesa, Chiquinho Brazão foi enfático ao afirmar que jamais teve qualquer envolvimento com Lessa, e que sequer o conhecia antes do início das investigações. Além disso, ressaltou que sua relação com Marielle Franco era cordial e respeitosa, descrevendo-a como uma parlamentar com um "futuro brilhante" e destacando sua amabilidade e dedicação aos pleitos da comunidade. Segundo ele, não havia desavenças nem quaisquer animosidades que justificassem um crime de tamanha brutalidade.
A audiência marca mais um capítulo das complexas investigações em torno das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, um caso que não só reverberou dentro das fronteiras do Brasil, como também sensibilizou a opinião pública globalmente. Desde seu início, em agosto deste ano, o julgamento vem sendo uma plataforma para esclarecer detalhes obscuros e apontar as verdadeiras motivações e possíveis mandantes dos assassinatos. Além de Chiquinho Brazão, outros indivíduos acusados como Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior e Ronald Paulo de Alves Pereira também prestaram seus depoimentos, cada um buscando preservar sua inocência ou negociarem acordos judiciais favoráveis.
A morte de Marielle Franco apontou, mais uma vez, os alarmantes níveis de violência política no Brasil, especialmente quando se trata de figuras que, como ela, representam minorias e lutam por causas sociais sensíveis. Sua trajetória como mulher negra, lésbica e ativista dos direitos humanos a colocou no alvo de interesses obscuros, o que levanta muitos questionamentos sobre a segurança de tais líderes em um país que ainda enfrenta desafios significativos relacionados aos direitos humanos e à justiça social.
O assassinato de Marielle permanece uma ferida aberta não apenas para a sua família e amigos, mas também para muitos cidadãos brasileiros que clamam por justiça. A audiência de Deputado Brazão revela as múltiplas camadas de um caso que parece estar longe de ser resolvido, mas que, a cada nova informação, acende uma luz esperançosa para o desfecho de um dos casos mais comentados e investigados da última década no Brasil.
A sociedade espera que o andamento do processo traga não apenas a punição dos verdadeiros culpados, mas também medidas concretas que possam prevenir a ocorrência de novos atos de violência política, garantindo que o legado de luta e resistência de Marielle Francisco continue a inspirar mudanças positivas. Com a continuação das audiências, a busca pela verdade se intensifica, trazendo à tona um necessário debate sobre o papel dos políticos e da justiça no enfrentamento das trevas que obscuram o progresso democrático no país.
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